Photobucket Photobucket Photobucket

29 setembro 2009

O Sibilo da Serpente Cap.15

Sua cabeça girava, ela sentiu um cheiro vagamente familiar, já havia estado naquele lugar antes, mas o quarto estava escuro e teve que esperar seus olhos se acostumarem a pouca luz no ambiente para poder identificá-lo, então com um susto ela reconheceu os aposentos do professor Snape. Como ela havia parado ali? Ela se lembrava perfeitamente de estar deitada na sua cama mais cedo tentando ler uma carta muito estranha. Alguma coisa errada tinha acontecido. Ela começou a tatear as coisas ao seu redor, se apoiando em uma parede, ela enfim conseguiu chegar a uma brecha de luz que vinha da porta entreaberta. A tonteira havia diminuído, ela já conseguia andar com facilidade, e juntando o resto de coragem que tinha, respirou fundo e abriu a porta.

Agora a dificuldade era para se acostumar com a claridade desse ambiente. Estava muito frio ali, embora a lareira estivesse acesa, o professor Snape não estava lá, ela ficou com receio de ficar ali sozinha. O ambiente estava muito bem decorado, ela nunca imaginou que Severo Snape fosse um homem de bom gosto, pelo visto ela estava enganada. Ela resolveu se sentar em uma das poltronas e então deteve seu olhar na mesa do professor de poções, o lugar onde ela havia perdido o equilíbrio e caído, o lugar onde Snape ofereceu um lenço a ela, o lugar onde ela havia adormecido debruçada nele...

- Srta. Granger. – o professor lhe cumprimentou. – A Srta. está bem?

- Estou... – o olhar dela parecia vago. – Como vim parar aqui professor?

Snape suspirou e caminhou até a poltrona do lado de Hermione e se sentou.

- Bom Srta. Granger, primeiramente quero assegurar que nada que será falado aqui – ele enfatizou bem essa parte – sairá daqui. – ela balançou a cabeça em afirmativa e ele continuou. – Quando exatamente a Srta. recebeu sua ultima correspondência?

- Hoje antes de eu me deitar. – ela realmente estava confusa – mas eu não me lembro de ter vindo parar aqui... Foi Draco que me trouxe?

- Somente para corrigir a senhorita, foi o diretor quem lhe trouxe e a carta chegou antes da senhorita deitar sim, mas isso foi ontem.

- Ontem?

- Sim Srta Granger, ontem. Parece-me que essa carta exerceu algum efeito sobre que você, o que a fez dormir até hoje à noite.

- Realmente eu não me lembro de ter acordado hoje... Alguém sentiu minha falta? Mas se foi o diretor que me trouxe porque ele não está aqui? O que eu perdi na sua aula hoje? – ela atropelava as palavras até perceber que era com o professor Snape que ela estava falando... E foi aí que ela resolveu parar.

Snape respirou fundo, estava tentando se controlar ao máximo para não escorraçar a garota dali “Tudo pelo bem maior.” E dizendo aquilo a si mesmo ele se pois a responder.

- Seu precioso amigo Potter foi ao escritório do diretor a uns quarenta minutos dizendo que não via a senhorita desde ontem a noite – ele falava aquilo com enfado, e Hermione por sua vez, escutava tudo com muita atenção – O diretor decidiu que era melhor a senhorita conversar comigo a sós – ela abriu a boca para contestar – E que fique bem claro que eu fui contra. – ela se calou. – E a senhorita não perdeu nada que vá lhe fazer falta – um minuto depois Snape percebeu que havia falado de mais e recobrou a postura do intimidador mestre em poções. – Posso continuar a falar? – ela com a cabeça baixa resmungou alguma coisa que Snape entendeu como um sim. – Bom, a senhorita leu alguma coisa que estava escrito naquela carta?

- Não senhor, eu caí no sono assim que abri a carta.

- Melhor assim. – ele abandonou a frieza, mas não a seriedade. – O que eu tenho para falar não é uma coisa fácil de ouvir. Mesmo que não queira aceitar tente entender.

Agora Hermione tinha começado a se preocupar, com certeza era uma coisa grave... Será que ela fizera algo de errado?

- Eu suponho que a senhorita venha tendo pesadelos já a algum tempo, com a tal mulher que me falou. Estou certo?

- Está sim senhor.

- Pois bem, essa mulher tem nome e sobrenome, ela se chama Fahrah Mountgormay e tem um interesse especial na senhorita. – Hermione nem piscava tentando digerir palavra por palavra. – Ela na realidade é uma vampira, mas não é uma vampira comum é a rainha deles, ela foi a primeira e única esposa do famoso Conde Drácula, e antes que a senhorita pergunte, ela não é igual aos vampiros que se alojam no sótão das casa bruxas. Aqueles vampiros são mutações, são os vampiros que nascem de mulheres humanas e é óbvio que as mães em questão nem se lembram dos partos. – Snape fez uma pausa porque percebeu que Hermione queria falar.

- Mas por que ela teria interesse em mim? – ela estava temerosa com a resposta que poderia escutar.

Snape pensou muito no que ia dizer, porque afinal aquele velho maldito tinha que ter obrigado ele a fazer isso? Talvez fosse melhor falar de uma vez - Porque na verdade – ele fez uma pausa – você é filha dela. – um silêncio sepulcral se fez presente. Hermione sentia seu coração bater em descompasso, como aquilo seria possível? Sua cabeça parecia um turbilhão.

Snape fez um movimento com a varinha e conjurou um espelho. – Por favor, senhorita Granger. – e dizendo isso estendeu a mão com o espelho a ela. Hermione pegou o espelho sem entender e se olhou e qual não foi sua surpresa ao percebeu que no lugar do cabelo castanho e revoltado, havia um cabelo negro, liso fazendo cachos largos nas pontas, um cabelo lhe ia além da metade das costas, que seus olhos outrora dourados, estavam azuis, que seu nariz estava mais fino juntamente com seus queixo, no seu rosto em si não haviam grandes mudanças, continuava a parecer com a velha Hermione Granger, exceto pela pele extremamente branca...

- Por favor professor, diga que isso é uma brincadeira! – ela não chegou a gritar, mas sua voz se elevou um pouco. – Mas meus pais são os Granger, eles me criaram! Minha mãe tem fotos dela quando grávida isso é impossível!

- Infelizmente Hermione não é – a menção de seu nome a fez olhar dentro dos olhos do professor, e Snape por sua vez recebeu com surpresa o olhar frio que Hermione lhe dirigia. – reza a profecia que quando você soubesse suas origens você mudaria por completo, assumindo sua verdadeira forma e seu verdadeiro lugar.

- Uma profecia sobre mim? Isso já é demais. – Hermione não sabia de onde aquela frieza toda havia vindo, mas só sabia que ela era assim.

- Pare de ser idiota garota, acha que eu estaria perdendo meu tempo com você se isso não fosse verdade? – a cólera que emanava de Snape era quase palpável.

- Não sei, você é todo imprevisível... – a atitude dela mudara e Snape percebeu que ela lembrava terrivelmente o pai no jeito de falar e a mãe nas atitudes – Vai ver que o fato de eu ter ficado, vamos dizer, incrivelmente bela, tenha mudado um pouco as coisas. – e foi aí que Snape percebeu que não tirava os olhos dos lábios dela, e com um choque ele recobrou a postura fria.

- Se não acredita veja por si mesma. – e dizendo isso atirou um pedaço de papel a ela, o qual ela pegou com destreza, Snape percebeu que os reflexos já haviam se manifestado.

- Hum... – ela suspirou entediada. – “A sede de sangue irá se prevalecer, quando a rainha se reerguer, com uma sucessora para seu trono o reinado das trevas irá recomeçar, e os olhos de cobra manterão a princesa sob vigia. E somente através dela o eleito poderá conhecer a vitória ou a destruição.” Interessante, mas me corrija seu eu estiver errada professor, se realmente eu fosse uma vampira eu teria conseguido me ver no espelho?

- Sim, pois o seu pai não é um vampiro. – ele estava furioso por ver uma cópia de si mesmo falando com ele.

- E quem seria meu pai? – ela perguntou com desdém.

- Ainda não descobriu Srta. Riddle?

O chão de repente sumiu Hermione não sabia o que pensar, Voldemort era seu pai? Aquela coisa tinha engravidado uma vampira? Mas se uma vampira está morta como ela poderia ter filhos? E de repente uma voz lhe trouxe de volta a realidade.

- O sarcasmo acabou? – a voz dele estava carregada de cansaço, suas defesas haviam baixado novamente.

- Me desculpe. – ela abaixou a cabeça e começou a chorar.

- Eu imagino o quanto deve ter sido difícil pra você, mas procure entender você não tem culpa. Seus pais, os Granger, nunca deixarão de serem seus pais por causa disso.

- Eu sei professor – ela falava entre os soluços. – Mas como é que vai ser a partir de agora? Minha vida acabou! Sou um monstro!

- Não você não é – nenhum dos dois soube precisar quando é que Snape havia se aproximado dela e segurado seu queixo, fazendo-a olhar para ele. – Você não vai se transformar por completo, mesmo se beber sangue, você sempre será meio humana, já que por menos que pareça, Voldemort é um ser humano (ou quase isso ele pensou ).

- Será que poderei continuar em Hogwarts? – eles já podiam sentir o hálito um do outro, assim como a respiração.

- Você deve continuar, Dumbledore tem um plano. – ela o olhou com curiosidade – E além do mais, aqui fica mais fácil pra eu tomar conta de você – porque ele havia dito aquilo era um mistério, o rosto dela se iluminou, Snape percebeu um sombra de sorriso, quando de repente descobriu que tinha ido longe demais.

Ele se afastou e foi até a lareira com a desculpa de pegar um punhado de pó de flu, Hermione por sua vez abaixou a cabeça com medo de que ele lesse seus pensamentos, mas nem assim pode reprimir a vozinha dentro de sua cabeça que dizia: Ele ia me beijar!

- O diretor vai chegar daqui a pouco. – e dizendo isso, um Severo Snape meio vermelho saiu da sala resmungando algo que ela entendeu como vontade repentina de tomar chá.

Ela não pode deixar de sorrir. Ele estava nervoso com a presença dela, mas afinal desde quando ela se importava com isso? Ela nem ao menos conhecia Snape direito. Então começou repassar mentalmente as coisas que sabia sobre ele.

Severo Snape era o temível mestre em poções, que sempre a importunou e humilhou publicamente. Que sempre caçoou de seus cabelos lanzudos e de seus dentes, que na infância eram desproporcionais. Severo Snape era o espião da ordem da fênix, ex-comensal da morte, que arriscava sua vida todos os dias para protegê-los. Severo Snape era o homem mais incrivelmente misterioso que já conhecera, tinha ombros largos e mãos deliciosamente firmes, tinha um rosto com traços marcantes, um olhar terrivelmente penetrante e uma voz que lhe tocava até o fundo da alma. Hermione percebeu que ultimamente ela procurava Snape com o olhar em todas as refeições, verificando se ele havia sido convocado ou não, e todas as vezes que ele não aparecia, ela afanava a capa da invisibilidade de Harry do malão dele e ia até a torre de Astronomia para esperar a chegada de Snape, quando esses episódios aconteciam, ela dizia para si mesma que estava preocupada com o fato da Ordem perder seu espião e ela, perder o melhor professor de Hogwarts. Sempre tinha direcionado a sua mente para esta linha de pensamento, mas infelizmente de alguns dias pra cá ela percebeu que alguma coisa estava diferente... Uma diferença que ela preferia ignorar.

- Srta. Granger? – o ancião lhe sorria por debaixo da barba muito branca.

- Temo que agora seja Srta. Riddle diretor. – tudo agora lhe soava muito estranho, parecia que o mundo real havia se dissipado sob seus pés, e que toda sua vida não passava de uma lembrança distante.

Ele apenas lhe sorriu em resposta e se levantando para pegar uma bandeja de chá disse – Realmente você é muito parecida com sua mãe.

0 comentários: