Já era por de volta de meia noite quando a campainha da Mansão Malfoy tocou. Lúcio havia recebido ordem direta de Voldemort para recepcionar pessoalmente o tal convidado especial. Sem duvida achou aquilo estranho, geralmente quem fazia esse tipo de trabalho era Rabicho, mas ordens eram ordens, e ainda com esses pensamentos foi abrir a porta. Abriu a porta e se deparou com uma figura alta e esguia na soleira, encoberta por uma capa negra com um capuz que não permitia ver seu rosto, percebeu que se tratava de uma mulher, devido aos sapatos de salto fino e com um sorriso no canto da boca, deu passagem para a estranha. - Malfoy presumo eu? – aquela voz poderia fazer qualquer um estremecer por dentro, uma voz baixa, um pouco arrastada, mas certamente melodiosa, como nunca tinha ouvido. Ela não esperou resposta. – Bela casa, certamente um ótimo gosto. Aquela mulher exercia um efeito sobre ele e com a boca seca ele decidiu falar – Creio que estou em desvantagem, pois ainda não sei seu nome. – ele procurou dar o sorriso mais sedutor que conseguiu, e mesmo de costas para ele, Fahrah percebeu que ele estava jogando charme para ela. Ela lentamente virou de frente para ele soltou o laço de sua capa e abaixou o seu capuz se revelando para o homem na sua frente, o sorriso encantador se transformou em uma cara de bobo tão logo que a viu. – Fahrah Mountgormay. Me perdoe pela indelicadeza. – disse estendendo sua mão para o homem loiro poder beijá-la. – Creio que Voldemort esteja me esperando. Lúcio estremeceu levemente ao ouvi-la falar o nome de seu mestre, e percebeu que ela deveria ser alguém extremamente importante, ou até mesmo mulher do Lorde das Trevas, uma coisa era certa, aquela mulher tão perfeita era terreno perigoso. - Por gentileza me siga. – e se pos a subir as escadas que levavam ao andar onde era o escritório do Lorde das Trevas. Todo o caminho ele percorreu em silencio, somente se oferecendo para guardar a capa de Fahrah, que ela aceitou de bom grado, ele parou quando chegou em um corredor particularmente frio. – É aqui Srta. , segunda porta a esquerda. – e com isso se foi, não queria ficar muito tempo perto da suposta Lady das Trevas, não por medo, mas porque ela era incrivelmente linda. Mal ela havia chegado perto da porta ouviu a voz fria dizer – Entre. – e com isso ela se permitiu um sorriso, aquele homem era muito poderoso, fez bem ao ter retornado após todos esses anos. - É bom te ver Tom – disse ela examinando o homem a sua frente, o ambiente estava na penumbra, mas mesmo assim tinha certeza que seus olhos não a estavam enganando, afinal enxergava melhor no escuro do que no claro. – Isso é o que eu chamo de Magia Negra – ela levantou uma sobrancelha inquisitória. - É realmente muito bom te ver Fahrah. – com a mão fez gesto para ela se sentar ao lado dele. – O que foi, não gostou? – ele disse sarcástico. - Você pode não querer me contar o que fez agora, mas um dia eu vou querer saber como você fez isso e quem te ajudou. – antes de se sentar ela foi até o bar e se serviu de um copo com FireWhisk, não sem antes esvaziar um frasco de sangue no mesmo. - Sentiu saudades? – ele perguntou com uma voz baixa perto do ouvido dela. Percebeu que ela não havia sentido ele chegar em suas costas. - Muitas. – disse ela virando de frente para ele de maneira que seus corpos ficassem unidos. – Bellatriz já te viu? Digo depois dessa... mudança? - Não, só Lúcio e Rabicho. – disse ele a abraçando pela cintura com um sorrisinho no canto dos lábios. – Já com ciúmes? - Ainda não – disse ela com a boca roçando na dele antes de se beijarem. OoOoOoOoO - Eu ainda prefiro Granger. – Disse o ancião calmamente depositando a bandeja com o jogo de chá em cima de mesinha que separava as duas poltronas. - Como queira diretor – disse Hermione dando de ombros. - Creio que Severo já conversou com a senhorita. – ela balançou a cabeça afirmativamente. – O que a senhorita acha disso tudo? – ele viu que com ela tinha que ser direto, personalidade do pai, gênio da mãe, a aparência era uma mistura dos dois extremamente perfeita, fazendo Lilith Mountgormay Riddle, muito mais bela do que qualquer veela que já tenha visto, afinal seus pais, mesmo antes de adquirirem seus “poderes incomuns” exerciam um certo encanto nas pessoas ao redor. - Eu não tenho nada o que achar diretor. – ela o encarava dentro dos olhos, os azuis - marinho ( de Hermione ) contra os azuis – claros ( de Dumbledore ). – O que está feito, está feito. Nada que fizermos poderá mudar isso. Sou filha do ser mais temido da Terra, e da rainha mais sanguinária que o mundo já conheceu. Sou a única que pode ajudar o Harry, ou seja, a única que pode dar a vitória a vocês. Não tenho que achar nada. Simples e rápido. Dumbledore gravou bem aquelas palavras, “ a única que pode dar a vitória a vocês”, isso queria dizer que ela se considerava parte do outro lado mesmo sem notar, seu subconsciente não estava renegando suas origens. Convencê-la a derrotar Voldemort talvez fosse mais difícil do que ele havia imaginado. - Então presumo que a pergunta em questão seja : Você quer nos ajudar? – disse ele ainda a encarando nos olhos, quando percebeu que a oclumência dela era um dom natural. - Pretendo. Mas não sou uma traidora, mesmo que me volte contra vocês, não irei passar seus planos para Voldemort. Portanto me inclua neles. – ela disse com um sorriso sem sentimento nenhum, igual ao de seu pai. – Me desculpe por estar sendo tão fria professor, mas não posso controlar, é mais forte do que eu. - Eu entendo, e você minha criança está incluída neles desde que descobri quem você era realmente. – aquelas palavras tranqüilizaram tanto Hermione quanto Dumbledore. – Antes de mais nada, você assim como todos, sabe que o feriado de natal é amanhã. – ela assentiu. – Te peço que fique na escola, mas não quero que seus amigos te vejam antes de embarcarem no expresso. – ele fez uma pausa para beber um pouco de chá. – A senhorita está com uma aparência um pouco diferente e seria difícil de explicar uma mudança dessas do dia para a noite. - Realmente o senhor está certo, mas eu gostaria de visitar meus pais, digo, os Granger. – dizendo isso ela abaixou a cabeça na tentativa de esconder uma lagrima que teimou em cair sobre sua pele alva. - Hermione, preste atenção no que digo – o seu semblante se tornou sério – Infelizmente não poderei deixar você visitar seus pais, mas você não ficará na escola esse natal. - Ficarei onde? Perambulando em Hogsmead? – disse ela com um sorriso de sarcasmo. Dumbledore encarou aquilo como humor negro, ele sorriu, percebeu que embora não fossem parentes, ela também se assemelhava muito a Snape. - Creio que o professor Snape tenha citado alguma correspondência que você recebeu. - Sim ele disse alguma coisa sobre isso, disse que havia sido a minha “mãe” quem mandou. - E é por isso que a senhorita não vai passar o natal em Hogwarts. – Dumbledore dizia aquilo com tal tranqüilidade que fazia parecer que estavam tendo uma conversa animada sobre o brilho das estrelas no céu. Hermione somente levantou a sobrancelha esperando que ele prosseguisse. – A esse exato momento a Srta. Mountgormay deve estar conversando com Tom sobre sua existência. - Ele não sabe? – disse ela com um sorriso insolente no rosto. – Quem diria que Lord Voldemort sairia engravidando as pessoas assim, a torto e a direito. - Creio que tudo ficará esclarecido quando sua... quando Fahrah achar que é a hora. Ela pode ser uma vampira sanguinolenta, mas ela não teve escolha. Não sou advogado de matanças Hermione, mas ela já sofreu demais por uma “vida”. - ela notou que Dumbledore dizia aquilo com um certo vazio no olhar. - Que seja. – aquilo a estava irritando. – E o feriado? - Você não vai passar o feriado justamente por isso. Ela vai vir aqui te buscar. - Aqui dentro de Hogwarts? – por um momento ela achou que o diretor havia enlouquecido. – O ministério está doido atrás dela desde sua fundação. - Eu sei disso minha cara, mas ela irá encontrar com você em Hogsmead. E creia, ela sabe conquistar as pessoas, e com certeza vai te ensinar a fazer isso. - Era esse o conteúdo da tal carta então. Nossa vai ser um natal inesquecível. – Dumbledore percebeu que havia um sorriso cansado no rosto dela, a antiga Hermione ainda sobrevivia, mas ele não sabia como ela estaria quando voltasse de lá. – Professor Dumbledore, porque eu desmaiei ao receber a carta? - Creio que sua mãe teve medo de levar uma menininha inocente da grifinória ao Lorde das Trevas. Ela escreveu aquela carta com o próprio sangue, na intenção de aflorar seus instintos. Agora, você pode ser chamada de princesa das trevas com propriedades. - Tudo parece muito distante agora... – por um momento ela iria desabar mas rapidamente recobrou a postura fria e altiva. – Bom, creio eu que não chegarei lá dizendo “Olá papai querido” – disse em uma péssima imitação de voz de criança, o que causou um acesso de riso nos dois. – Não quero um Avada de presente de natal. - Bom minha criança se me permite, irei chamar Severo para que lhe expliquemos o plano. – ela meneou a cabeça dando permissão para que o diretor chamasse Snape, por um momento ela ficou temerosa, afinal eles quase haviam se beijado a umas horas atrás, mas depois ela pensou bem e resolveu esquecer disso por hora. Dumbledore entrou por uma portinha que até então ela não havia reparado que existia. Talvez a porta desse no laboratório de Snape, mas portas não eram o que a preocupavam no momento... Não demorou muito para que Dumbledore saísse acompanhado de Snape lá de dentro. Ela percebeu que seu professor de poções evitava olhar diretamente pra ela, não sabia se por vergonha do quase beijo, ou por respeito. Certamente Voldemort iria entrar na mente dela, e talvez ele não quisesse que o Lorde das Trevas visse ele encarando descaradamente sua filha... E, por mais incrível que parecesse, a idéia de Voldemort entrar na sua mente não estava lhe incomodando muito. - Bom Srta. Granger vamos ao que interessa. – e com essa fala Dumbledore começou a expor suas idéias, assim como Snape que lhe ensinou como se portar na presença de Voldemort e de sua mãe. Hermione não contestou nada do que lhe disseram somente balançava a cabeça em concordância e em algumas partes, respondia com monossílabos. Foi aí que Dumbledore a perguntou novamente – Podemos contar com a senhorita? - Responderei depois do feriado. – e dizendo isso saiu dos aposentos do temível mestre em poções. Dumbledore já a havia instruído a rumar para a torre da grifinória e fazer suas malas, eram cinco da manhã, certamente não haveria nenhum aluno por perto e calmamente ela foi andando pelos corredores. Seu corpo pareceu reagir ao frio da madrugada, era uma sensação muito boa, como se ela e o vento gélido fossem um só, os corredores escuros se adaptaram perfeitamente a sua visão, seus passos não faziam barulho no piso de pedra e então antes que percebesse, ela já estava na frente da mulher gorda dizendo “Delícias gasosas”. Ninguém acordado, um silencio digno de um cemitério, ela subiu as escadas para o dormitório feminino sem fazer o menor barulho. Chegou na frente de seu baú e começou a fazer as malas, não precisava de tudo, mas o professor Snape a instruiu a levar roupas escuras e uns dois vestidos de noite, assim ela fez. Por um momento ela chegou a levantar a mão para pegar a fotografia de seus pais (os Granger) que ficava em cima de sua cabeceira, e com um movimento de cabeça, fez que não, como se estivesse espantando um mosquito, um inseto irritante que estava lhe atormentando. Uma lagrima desceu, Hermione deu um tapa no próprio rosto, certamente a lagrima pareceu queimar mais do que a punição que ela mesmo se aplicou, e com isso sibilou bem baixinho “Fraca”. Seus olhos haviam parado sobre um botão de rosa mágico que seu pai havia lhe comprado na ultima visita que fizeram ao beco diagonal, aquilo, ela poderia levar. Ela encolheu a mala que ficou espetacularmente grande e a colocou no seu bolso, não sem antes reduzir seu peso com um feitiço de levitação. Já eram quase seis horas, ela deveria chegar ao escritório do diretor o mais rápido que pudesse, os alunos iriam começar a levantar, todos estavam ansiosos para o "incrível feriado de natal". Ela somente bufou, talvez, ou melhor, com toda a certeza, ela estaria animadíssima para o incrível feriado de natal se não tivesse descoberto ser filha de uma vampira com um assassino. Bufando ela ajeitou os cabelos em um coque displicente, com alguns cachos caindo soltos nos ombros quando decidiu que era hora de ir, então um cheiro conhecido entrou nas suas narinas, embora nunca tivesse sentido isso antes, ela sabia exatamente de quem se tratava. - Harry? – ela olhou para trás e não viu ninguém, estranho, mas estranho mesmo era que dali ela pôde ouvir o barulho da lareira acesa... Finalmente ela desceu, ele não pode deixar de ficar pasmado, como nunca tinha visto que aquela criatura estonteantemente bela era sua melhor amiga? Nunca, ele poderia jurar, o uniforme da grifinória iria ficar tão perfeito em outra pessoa. Nunca ele teve uma sensação tão boa em ver alguém descendo as escadas. - Preste atenção, se alguém perguntar eu estou doente na ala hospitalar. – ele somente balançava a cabeça. – Você não me viu aqui. Se tiver alguma duvida pergunte ao Dumbledore, ele vai te acalmar até eu voltar. É só isso presumo... Bom natal Potter. Ele estranhou o fato de Hermione estar chamando ele pelo sobrenome, mas ela estava tão linda, tão diferente. Certamente que ele não iria contar pra ninguém que a viu ali de manhã. Talvez ele fosse falar com Dumbledore antes de ir para a Toca. Hermione andou um pouco apressada pelos corredores com medo de que alguém a visse, com muita sorte conseguiu chegar ao escritório do diretor ilesa. Resmungou pudim, e pegou na carona na escada atrás da gárgula. Antes que batesse, a porta do escritório abriu e ela encontrou um Dumbledore sorridente atrás de sua mesa. - Imprevistos no caminho? - Somente o Harry, mas creio que a situação está sob controle. – lá no fundo ela detestava estar agindo daquele jeito, mas tinha que ser assim. - Certo... – Dumbledore abriu a boca como se fosse falar alguma coisa, mas decidiu que não. – Bom Srta. Granger, já pedi a Dobby que trouxesse seu café da manhã aqui mesmo. Eu irei descer para o Grande Salão afim de não levantar suspeitas, falarei com seus amigos depois do café, a senhorita poderá me esperar aqui mesmo até os alunos embarcarem, depois disso eu mesmo a acompanharei até Hogsmead. A Srta. se incomoda de ficar aqui sozinha? - Não senhor. - Então até mais tarde. No momento o que Hermione mais queria era ficar sozinha. Sua vida mudara radicalmente e nem tivera tempo de digerir as informações que atormentavam sua mente. O seu único medo era se tornar igual aos seus pais, mas se ela pensasse bem, ela já havia se tornado igual a eles... E isso foi em poucas horas... imagina o que seria dela em duas semanas? “Lilith?” uma voz vinha de dentro de sua cabeça, uma voz que ela já conhecia. “ Sim.” ela pensou sem nenhuma emoção, ninguém nunca havia feito contato mental com ela. “ Você irá?” a outra voz apesar de fria passava outra emoção que ela não sabia identificar qual era. “ Irei.” e com isso fechou sua mente para qualquer um. Ela já estava ficando louca o suficiente sem ninguém dentro de sua cabeça...
29 setembro 2009
O Sibilo da Serpente Cap.16
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