Dumbledore havia acabado de se arrumar e, agora descia as escadas em caracol que davam acesso ao seu escritório. - Vamos, senhor Malfoy? - Vamos senhor – Draco sempre soube que nunca fora bom em adivinhação, mais teve um forte pressentimento de que não deveria entrar nas masmorras, pois receberia um grande sermão. Um daqueles sermões que incluíam palavras que não estava acostumado a ouvir, e sim, a falar. Eles seguiram silenciosos durante todo o caminho até os aposentos do professor Snape. Um pouco antes da porta, Draco parou de andar, fazendo com que Dumbledore parasse junto com ele. - Diretor, o senhor não acha que eu deveria voltar para a Sonserina? – disse, deixando transparecer que estava levemente ansioso – Sabe já devem ser pelas quatro e meia da manhã e não poderei ficar com Hermione mesmo... - Creio que está correto, meu jovem, Severo com certeza vai querer conversar comigo em particular e, quanto à sua nova amiga – Dumbledore dava mais um de seus sorrisos fraternos que fazem qualquer pessoa ter uma imensa vontade de lhe abraçar, menos, é claro, Draco Malfoy – não se preocupe, ela ficara bem. -Obrigado senhor, boa noite. - Boa noite. Ah, meu jovem, se Filch o parar por aí, diga que está fora da cama com permissão minha. Qualquer coisa, deixe que eu resolvo amanhã. Agora, vá tranqüilo. Só o poder de dar um fora em Filch já era bom. Melhor ainda era saber que não levaria mais sermão algum. Pelo menos não por enquanto. E com esse pensamento, Draco Malfoy foi caminhando vagarosamente pelos corredores do castelo, como se caminhasse à beira do mar, até a Sonserina, fazendo os caminhos mais longos e se perdendo pelos corredores desertos e gelados, só para ser apanhado. Agora que estava só, Dumbledore podia pensar no que realmente estaria acontecendo com Hermione, ele não havia notado nada de estranho com a grifinória. Ela se alimentava direito e aparentemente estava bem, principalmente agora que voltara a falar com o Harry. O diretor havia chego à porta dos aposentos de Snape. A porta era muito bonita, de madeira talhada à mão e com detalhes de prata. A maçaneta, bem não era nada original... Tratava-se de uma cobra que destrancava a porta com o uso de uma senha. Sorte que as senhas de Snape também não eram originais. Dumbledore havia se esquecido de olhar o caderno de senhas da quinzena. Ele poderia bater à porta, mas não haveria graça... Então, ele resolveu arriscar. - Serpentes – disse, mas cobrinha nem se mexeu. - Sonserina.– tentou, mas novamente deu em nada. - Hummmmm, Alvo Dumbledore! – Desta vez a cobra deslizou para o lado e ele, satisfeito, entrou nos aposentos de seu querido pupilo. O ambiente estava muito iluminado. Aliás, estranhamente iluminado, Dumbledore reparou, pois o Mestre de Poções odiava claridade. Falando no professor, onde estaria ele? Será que havia acontecido algo com Hermione? Não, pois se tivesse, ele teria sido o primeiro a ser informado, pensava o diretor. Dumbledore andou até a porta dos aposentos de Snape e já ia colocando a mão na maçaneta, para abrir, mas resolveu que iria chamar pelo professor pois, afinal, Snape não estava sozinho – o diretor se divertia com essa possibilidade – Assim como ele poderia estar vigiando os sonhos de Hermione poderia estar participando deles ativamente, pensou. E dessa vez, o diretor teve que abafar o riso. Ele deu três batidas leves na porta, mas não foi atendido. Ele resolveu dar três batidas não tão leves assim, mas continuou sendo ignorado. Dumbledore colou seus ouvidos na porta, não escutou nenhum barulho “suspeito” e resolveu abri-la. Mesmo sendo uma porta de madeira antiga, ela não emitiu nenhum rangido. O diretor resolveu espiar pela frestinha que acabara de abrir e percebeu que estava tudo calmo. Foi então que Dumbledore avistou uma cena que, no mínimo, seria hilária para alguns, mas para ele não era... Seu querido Severo Snape estava sentado em uma cadeira, dormindo todo torto, ao lado da cabeceira da cama. Pelo visto, ele dormira assim, vigiando o sono de sua “hóspede”. Dumbledore teve vontade de deixá-lo dormir, mas se lembrou de que o assunto de que o professor queria falar-lhe certamente não era nenhuma futilidade, pois não mandaria ninguém ir chamá-lo naquela hora da madrugada. Por isso, Dumbledore iria acordá-lo. Quando o diretor estava chegando perto, Snape levantou-se de súbito, com a varinha em punho. - Tudo bem, já me rendi! – Dumbledore ria sonoramente, mas não alto o suficiente para acordar Hermione – Severo, sinceramente, é assim que você da bom dia às pessoas?- Ele estava se divertindo com aquilo. Dumbledore realmente era estranho. - São velhos reflexos... Você sabe! – Snape passava a mão pela nuca freneticamente, não sabia se era pela dor que sentia no pescoço, por ter dormido de mau jeito ou se era por estar desconcertado. - Acalme-se, Severo, - o diretor lhe sorria abertamente – venha vamos tomar um chá. Snape odiava aquilo, a forma de Dumbledore convidá-lo para tomar um chá fazia com que ambos parecessem duas velhas inúteis, fofoqueiras e desocupadas, que estavam se preparando para o chá das cinco. OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO “Eu sabia que esse tempo chegaria, e que finalmente iria ter alguém do meu lado, que fosse digno de confiança... Eu sempre soube disso também – ela lhe dava um sorriso frio, porém sincero - nosso reinado começa agora. E você é a minha princesa, Lilith! – e uma deformidade surgiu em seu rosto. Ele não era muito bom em sorrisos. Então vamos, meu rei! – agora, seu ar era de deboche. A srta. me acompanha? – ele lhe oferecera o braço, e ela o tomou como resposta à pergunta que lhe fora feita. OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO - E então Severo, porque cargas d’água você mandou me chamar em plena madrugada – por mais que quisesse, o diretor não conseguia passar um ar de aborrecimento. E sim um ar de curiosidade. - Para começar, você sabe que o mandei chamar aqui por causa da senhorita Granger, não sabe? - Snape não sabia por onde iria começar... - Claro que sei, – Dumbledore sentia-se ansioso, não era aquilo que estava querendo ouvir. – como você mesmo diz, não sou nenhum de seus alunos cabeça-oca – e o velho diretor lhe sorriu - Chá? - Eu sei que você não é nenhum cabeça-oca, Alvo. – ele ainda repetia o gesto de esfregar a nuca – Não, obrigada. - Não, o que? - Chá! Alvo, eu já te disse que não tomo isso! - Snape perecia bravo, mas só parecia. – Merlin! - Então vai beber o que? Vodka? - Pode ser, estou precisando... – ele falou, mais nervoso do que queria aparentar. – Não queria ter que te falar isso... - Ora, meu caro Severo, se não queria me falar, então porque me tirou da cama? – Dumbledore adotou um certo ar de deboche que, sinceramente, não combinava com ele. Ele era realmente estranho, e isso era indiscutível! – Acho melhor me falar, já que estou aqui... - Alvo, você não ficou intrigado com essa amizade repentina do Malfoy com a Granger. Você não acreditou que o Malfoy poderia estar sendo sincero com a garota, acreditou? - De inicio eu achei que não, mas hoje, na minha sala, não precisei usar legilimência para perceber que o garoto estava preocupado com ela – Dumbledore agora estava sério. - É claro que está. Se eu fosse ele, também estaria!- “Dumbledore, sempre acreditando no melhor das pessoas.” Severo fazia cara de incrédulo. - Onde você quer chegar, Severo? - Você lembra que há dois anos entramos na sala da profecia escondidos, para tentar achar algo que servisse a nosso favor? – o diretor lhe dirigia um olhar como se o tivesse mandando prosseguir. - Você lembra do que achamos naquela noite? – ele balançou a cabeça em uma afirmativa – Certamente você deve lembrar do que me pediu para que procurasse? - Ora, Severo, não sou nenhum velho caduco! – disse ele rindo-se daquilo. - Não é hora para brincadeiras, Alvo... – ele parecia irritado. - Pois então me diga... – embora ele já suspeitasse da resposta. - Será que você não percebe... Dumbledore, encontrei!
29 setembro 2009
O Sibilo da Serpente Cap.8
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